segunda-feira, 31 de março de 2014

Remédio que destrói fibras de colágeno é aposta contra celulite


MONIQUE OLIVEIRA DE SÃO PAULO
 

E se uma bactéria modificada geneticamente produzisse uma enzima capaz de destruir as fibras densas de colágeno que caracterizam os "furinhos"da celulite?
A façanha, revelam estudos, é possível. Pesquisas descrevem que o xiaflex, remédio já disponível nos EUA, é capaz de dissolver essas fibras e amenizar a celulite.
A substância tem sido alvo de palestras em congressos de dermatologia e especialistas acreditam que, se o remédio apresentar na prática os resultados dos estudos, será um divisor de águas no tratamento da celulite.
Hoje o xiaflex é vendido nos EUA para a doença de Dupuytren –condição em que fibras espessas de colágeno abaixo do tecido da mão atrapalham o movimento– e também para a doença de Peyronie –nesse caso, a droga rompe nódulos que se formam no pênis e comprometem a ereção.
O remédio é à base da enzima colagenase. Produzida por uma bactéria na qual foi inserido um gene humano, a colagenase seria eficaz quando injetada na pele em quantidades maiores.
"O xiaflex seria uma opção equivalente à cirurgia mas com melhor recuperação", explica Jardis Volpe, dermatologista que viu os primeiros resultados do estudo com o medicamento durante o Congresso da Academia Americana de Dermatologia, em Miami, no ano passado.
"Percebemos que a droga pode tornar esse colágeno denso mais elástico", explica
Thomas Wegman, presidente da BioSpecifics, que fabrica o remédio, à Folha. "Mas não se pode usar a droga para esse fim sem estudos."
Apesar do entusiasmo, é preciso considerar alguns efeitos não desejados.
"Um deles é que a colagenase não destrói somente o colágeno fibroso [que forma a celulite] mas também o colágeno que dá firmeza à pele", questiona Volpe. "Também é necessário estipular a dose correta."
"Ouvi muitas ponderações em relação à colagenase e é preciso ir devagar", explica Davi de Lacerda, dermatologista que assistiu à apresentação da substância em um evento em Paris.
Além do estudo de segurança, de fase 1, já finalizado, outra pesquisa está em curso.
A empresa recrutou 144 mulheres com celulite nos quadris e nas nádegas. Elas estão divididas em quatro grupos. Três deles receberão doses diferentes de remédio e um outro grupo receberá injeção placebo (com remédio sem ação alguma).
Os resultados do estudo serão divulgados no início do ano que vem.
MAIS OPÇÕES
Enquanto o medicamento não vem, novas opções contra a celulite movimentam o mercado e os congressos.
No Simpósio de Cirurgia Plástica realizado há duas semanas em São Paulo, uma apresentação lotada abordou o tema. O Congresso Brasileiro de Dermatologia, que será em Porto Alegre daqui a um mês, também terá um painel dedicado à celulite.
Nesses encontros, outra técnica que tem tido destaque é a terapia de onda acústica, usada para tratar dor e para destruir cálculos renais.
A técnica passou a ser usada para esse fim quando atletas australianas usaram a terapia para tratamento de dor e perceberam melhora na celulite. Segundo especialistas, a altíssima frequência é capaz de romper as fibras de colágeno e reduzir gordura.
A administradora Mônica Melo, 30, preferiu a onda acústica à tradicional drenagem linfática. "Experimentei as duas e vi que a onda acústica atua melhor sobre a celulite", diz. Mônica utilizou a técnica em dez sessões para reduzir a celulite do glúteo. "Não dói e o resultado já aparece na terceira sessão."
Outra terapia que ganha destaque é a cirurgia minimamente invasiva que leva o laser para debaixo da pele. A luz emitida quebra o tecido fibroso que puxa a pele para baixo na celulite.
"A cirurgia com laser é uma das técnicas mais eficazes que uso", diz Denise Steiner, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Também é consenso que dietas pouco calóricas, hidratação e exercício físico melhoram o aspecto e ajudam a prevenir a volta da celulite após esses tratamentos.
Alimentos que retêm menos líquido auxiliam, como tomate, alho, aveia e brócolis.
No Simpósio de Cirurgia Plástica, o cirurgião plástico Rômulo Mêne, presidente da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, falou ainda da suplementação de albumina contra a celulite. Ele, que indica às suas pacientes duas colheres de sopa diárias de albumina desde os anos 80, apresentou casos de seu consultório.
"A celulite é uma condição complexa e algumas dessas terapias não têm efeito a longo prazo", diz Lacerda. "Muitos tratamentos não são objetos de estudos sérios e sua eficácia só será comprovada na prática clínica."

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/
Fotos: do site Folha de São Paulo

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